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"Morre lentamente quem não viaja,quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos
os dias o mesmo trajecto, quem não muda as marcas no supermercado, não
arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece. Morre
lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e
os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as
que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz
no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo, não
perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando
lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"
Pablo Neruda
2 comments:
E muitas vezes ainda me perguntam porque prefiro a "lentidão" do autocarro à rapidez do metro...
porquê comer um iogurte com a colher de chá em vez de usar a de sopa...
porquê caminhar pela calçada só nas partes a escuro...
porquê virar o carro por um caminho desconhecido, no regresso a casa...
Obrigada pelo aconchego antes de dormir...
só podiam ser fadas estas miúdas. É disto que eu gosto. :)
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